Musicoterapia: A música viaja por onde as palavras nem sempre serão expressadas.

Por: Juliet Tonetto
Revisão: Suane e Ana Lívia 

“Dias em que você se odiar
Dias em que você quer simplesmente desaparecer
Vamos criar uma porta no seu coração
Se você abrir essa porta e entrar
Este lugar estará lá, esperando por você
Tudo bem acreditar, essa loja mágica vai te confortar.”

BTS – Magic Shop

Em algum momento todos nós, ARMYs, já nos questionamos sobre o que realmente nos acalma quando escutamos as músicas do BTS. Seriam suas vozes melódicas que nos causam uma sensação de conforto? Ou talvez as letras com mensagens inspiradoras e de apoio? Quem sabe não seria por suas samples¹ bem executadas nas músicas? Afinal, são os elementos individuais ou o “conjunto da obra” que nos causa essas sensações?

Para explicar um pouco sobre como a música nos afeta, o Painel Como Fazer preparou este conteúdo sobre musicoterapia. Para começar, precisamos falar um pouco sobre o ouvido, o órgão que nos provê a audição.

OUVIDO

O ouvido é o órgão receptor das ondas sonoras que são transmitidas aos centros nervosos. É um órgão que também apresenta uma relação com o equilíbrio. Podemos dividi-lo em três porções: orelha externa, média e interna.

A primeira porção a receber estímulos auditivos é a orelha externa, no caso, aquele que recebe as ondas sonoras e em continuidade as transmite para a orelha média. A segunda porção está constituída pela cavidade timpânica, na qual estão os ossículos auditivos (martelo, bigorna e estribo), que conduzem as vibrações até a orelha interna. Este último é formado por cavidades ósseas que apresentam vesículas membranosas. Nas paredes internas do ouvido interno encontramos as ramas do nervo vestibulococlear (oitavo nervo craniano, puramente sensitivo), formado pela rama coclear (que está relacionada com a audição) e a rama vestibular (que está vinculada com o equilíbrio).

Figura 1. BTS V “FRI(END)S”. Fonte: BTS, Weverse, 2024. 

Este breve resumo explica as estruturas anatômicas do ouvido, para assim nos situarmos em relação ao tema proposto inicialmente – a musicoterapia. Agora, podemos discutir porque ouvimos.

POR QUÊ OUVIMOS?

A captação das vibrações pelos seres vivos requer a presença desses receptores no ouvido e, no caso das vibrações sonoras, esses receptores estão presentes na orelha interna. Apresentando um caminho a ser percorrido: 

                            Figura 2. Anatomia da Orelha Humana. 

  1. O som proveniente de uma fonte sonora entra no ouvido pelo pavilhão auricular, que se encarga de captar o som, para logo enviá-lo até o meato acústico externo. De lá as ondas sonoras são canalizadas para a orelha média;
  2. As ondas sonoras golpeiam a membrana timpânica, provocando sua vibração e isso, posteriormente, causará o movimento dos ossículos auditivos. Graças ao seu efeito de alavanca e a diferença das áreas entre o tímpano e a base do estribo, os ossículos amplificam o som, evitando assim a perda de energia sonora que se transmite desde o meio aéreo ao líquido (presente na orelha interna).
  3. Quando o estribo golpear a membrana causará a transmissão da vibração até o órgão de Corti, responsável por transformar energia mecânica em energia elétrica.
  4. Dependendo da zona máxima de vibração da membrana basilar, o ouvido é capaz de identificar as frequências dos sons. Portanto, é desta maneira que as frequências graves se encontram no ápice da cóclea, enquanto os agudos em sua base.
  5. Por último, as células ciliadas enviam através de suas fibras nervosas a informação do estímulo auditivo, o qual recorrerá a via auditiva até o cérebro (córtex auditivo) onde reconheceremos qual o som e de onde ele vem. 
  6. O aparelho auditivo do ser humano só processa e distingue ondas com frequências no intervalo de [20Hz ,20.000Hz], que define o que chamamos de sons ou ondas sonoras. Abaixo de 20 e acima de 20.000Hz, as ondas são denominadas, respectivamente, de infra-som e ultra-som. As ondas mecânicas podem ser provenientes de meios sólidos, líquidos ou gasosos; o som será percebido por nosso aparelho auditivo e corresponderá às ondas destes meios materiais. 

MÚSICA NA SAÚDE

Uau! Como um órgão tão pequeno é capaz de fazer tanto por nós, não é mesmo? Olhando assim, parece complexo, mas assim como a dança faz muito bem para o nosso corpo e para a nossa mente, o nosso contato com a música vai para além da estrutura orgânica dos nossos ouvidos.

A musicoterapia é considerada um dos recursos terapêuticos e foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) como uma Prática Integrativa e Complementar (PIC) pela Portaria N° 849 de março de 2017. Além da Musicoterapia esse documento também inclui outras práticas à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, tais como: Arte terapia, Ayurveda, Biodança, Dança circular, Meditação, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga.

MUSICOTERAPIA

Mas o que significa exatamente musicoterapia? Em termos gerais, ela consiste na utilização da música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), em grupo ou de forma individualizada, em um processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

O objetivo principal é desenvolver potenciais e restabelecer funções do indivíduo para que ele possa alcançar uma melhor integração intra e interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. É importante destacar que a utilização terapêutica da música se deve à influência que esta exerce sobre o indivíduo, de forma ampla e diversificada. No desenvolvimento humano, a música é parte inerente de sua constituição, pois estimula o afeto, a socialização e o movimento corporal como expressões de processos saudáveis de vida.

Figura 3. BTS Jin. Fonte: BANGTANTV, BTS Bomb, 2019.

Além disso, a Musicoterapia favorece o desenvolvimento criativo, emocional e afetivo e, fisicamente, ativa o tato e a audição, a respiração, a circulação e os reflexos. Também contribui para ampliar o conhecimento acerca da utilização da música como um recurso de cuidado junto a outras práticas, facilitando abordagens interdisciplinares, pois promove relaxamento, conforto e prazer no convívio social, facilitando o diálogo entre os indivíduos e profissionais.

Essa terapia utiliza de experiências musicais como tocar, escutar, cantar, compor ou improvisar a música como promoção de saúde. Assim, trabalhando as necessidades físicas, emocionais, cognitivas, sociais e de uma maneira não medicamentosa. É possível ver seus resultados em pacientes em tratamento de depressão, em cuidados paliativos e principalmente em pacientes com dores crônicas, sendo também utilizado no cuidado de bebês prematuros.

Deste modo, é possível dizer que a música está inserida em nossas vidas desde o momento da fecundação até o nosso óbito. E como estamos rodeados de músicas e sons em nosso dia a dia, não deixamos de apreciar e nos confortar com eles. Como fazemos com o BTS e suas músicas cheias de significados e mensagens, as quais eles transmitem para seus fãs de todo o mundo, os ARMY’s.

CUIDADOS COM A AUDIÇÃO

Agora que entendemos o quão importante é a nossa audição e o papel da música em promover o nosso nosso bem-estar, precisamos cuidar ainda mais dos nossos ouvidos! O Como Fazer separou essas dicas pra você cuidar muito bem da sua audição e continuar a ouvir os hits do BTS por muito mais tempo.

Ouvir sons altos por longos períodos de tempo pode resultar em perda auditiva temporária, permanente ou sensação de zumbido no ouvido. Existem alguns cuidados que podem reduzir o risco de desenvolver a perda auditiva relacionada à idade e/ou induzida por ruído:

  1. Evitar barulhos altos;
  2. Usar fones de ouvido com cuidado, com a música em uma altura confortável;
  3. Manter as orelhas secas, prevenindo assim infecções;
  4. Tratar as infecções adequadamente;
  5. Não utilizar cotonetes;
  6. Consultar o otorrinolaringologista regularmente.

Nesse texto introduzimos mais sobre o que é a musicoterapia e como ela apresenta grande relevância para vários tratamentos e também nas relações interpessoais dos seus participantes. É possível identificar o impacto que o grupo BTS tem nas relações interpessoais de seus fãs, BTS ARMY. Visualizamos como suas músicas conectam pessoas do mundo inteiro, que mesmo com diferentes estilos de vida e gostos, ainda assim estão unidas com a sensação de pertencimento e compreensão em suas letras, que não só abordam situações habituais, como apaixonar-se ou vivenciar um término de relacionamento. Em sua discografia encontra-se  músicas para todas as situações, desde relacionamentos amorosos e amizade, frustrações com os estudos, problemas sociais, até a chegada da vida adulta, onde podemos encontrar-nos sobrecarregados e talvez com sentimentos confusos e com esse contato que possuímos torna-se possível nos vincularmos e interatuarmos com pessoas que possuem um gosto musical parecido porém com uma vida social diferente. E quando isso é aplicado na musicoterapia, podemos encontrar um vínculo mais profundo, uma maneira mais ampla para sua utilização e um bom retorno em sua utilização. 

E você, ARMY, já conhecia a prática da musicoterapia ou até mesmo utilizou ela em algum tratamento? Ou quem sabe conheça alguém próximo que tenha recorrido a musicoterapia? Compartilhe com a gente sua experiência, adoraríamos saber como foi para você. O Painel Como Fazer espera que vocês tenham gostado do conteúdo e conhecido um pouquinho mais desse recurso terapêutico.


Referências 

¹ “Samplear” uma música consiste em recortar ou repetir trechos de uma determinada música ou partes de uma gravação preexistente para criar uma nova melodia com uma nova roupagem de som. Disponível em: < https://www.sabra.org.br/site/sample-musica/> Acesso em: 22 mar. 2024. 

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