Autor: Douglas Leal
Reeditado por: Maria Luiza Isnard e Beatriz Bandeira de Mello
Revisado por: Helmer Marra e Mariana Mathias
Painel Como Fazer
Neste mês, o Painel Como Fazer está revisitando alguns conteúdos já publicados aqui no BAA! Nosso objetivo é trazer para nosso público um olhar mais apurado (e atualizado!) sobre alguns aspectos que fazem parte do cotidiano da vida acadêmica. Se é a sua primeira vez aqui, não perca tempo e confira esse texto super legal que fala sobre dois temas tão caros para nós estudantes: produtividade e procrastinação.
*Esse texto foi publicado originalmente na versão antigo do site do BAA!
Olá, pessoal!
Nós, do Painel Como Fazer, estamos sempre tentando trazer assuntos que possam ajudar os novos estudantes a viver a primeira experiência acadêmica da melhor maneira possível. Já falamos sobre organização, planejamento e procrastinação. No entanto, acreditamos que a procrastinação, assim como questões de produtividade, são muito comuns em nosso cotidiano. Por isso, consideramos que um texto centrado nessas questões poderia ser muito útil. Então, lá vamos nós!
Procrastino ou não, eis a questão!
Falando sobre produtividade, constantemente, o pensamento é o de quantidade, ou seja, fazer o máximo possível no tempo disponível. Porém, é justamente nesse pensamento que começam nossos problemas. Nós herdamos esse modo de pensar sobre produto e quantidade do sistema capitalista, no qual estamos inseridos. Neste sistema, principalmente, quando pensamos sobre o capitalismo clássico, que surgiu no século XIX, advindas revoluções das máquinas, o tempo é sempre curto e a produção não pode parar. Pois, quanto maior a produção, maiores as vendas e os lucros. No entanto, mesmo no século XXI, com diversas mudanças na nossa sociedade, esse raciocínio segue assombrando e causando-nos diversos bloqueios. Todavia, muito diferente de uma fábrica, um trabalho acadêmico apoia-se não só na quantidade de dados, mas na qualidade e nas conclusões do processo de pesquisa.
Desta forma, o sentido de produtividade que devemos exercitar em nossas vidas acadêmicas é o de qualidade. Atualmente, com tantas formas de distração e com o aumento da pressão por produtividade, torna-se cada vez mais fácil perder-se na procrastinação. O “ciclo vicioso” da procrastinação consiste, a princípio, em uma sequência de ações que engatilham umas às outras, conforme vemos na figura abaixo.
O ciclo não tem um início, meio e fim, podendo iniciar-se em qualquer um desses gatilhos mencionados na imagem. A procrastinação pode ser considerada o principal gatilho desses problemas, mas devemos ter consciência de que ela não surge sem um histórico. Muitas vezes, ela é um reflexo da pressão por um objetivo irreal ou mal planejado, podendo haver tarefas gigantescas que tornam-se enfadonhas. Isso acontece porque ao imaginar o sofrimento de executá-las, ficamos com preguiça de dar início a elas. Muitas vezes, o que acontece é que quando começamos a executá-las, percebemos que elas são muito mais simples do que pensávamos.
Aqui estou eu, procrastinando ao invés de estar escrevendo.
Então, é possível conciliar produtividade e procrastinação?
A resposta tem que vir de vocês, na verdade.
Algumas “técnicas milagrosas” como flow time, auto-foco e getting things done podem funcionar, mas, por vezes, acabam causando mais malefícios do que benefícios. Pois, os estudantes deveriam enfrentar isso como uma forma de encarar a vida, não como a única alternativa disponível. Essas “técnicas”, na verdade, baseiam-se em uma média de pessoas e isso nem sempre se aplica à realidade de todos nós. Existe uma variedade de cenários e experiências: há quem trabalhe, há quem estude, há quem faça os dois e há pessoas com dificuldades cognitivas ou físicas. Estes são apenas alguns fatores que podem dificultar ou facilitar a realização dos projetos que propomos-nos a fazer. No entanto, isso não deveria impedir-nos de realizar nenhum deles! O que queremos dizer é: ter consciência destes facilitadores e dificultadores nos permite tomar uma série de decisões e fazer adaptações para concluir nossos objetivos.
Tendo este pensamento, eu, trago um compilado de técnicas e táticas que eu apliquei e adaptei para a minha realidade, mas, esclareço que existem diversos métodos e que nada do que eu explicar é regra. Deixo dicas de outros influencers que indicam métodos diferentes que vocês, também, podem aplicar no cotidiano de vocês
Douglas Leal
Essas dicas dividem-se no que gosto de nomear “Tríade da Procrastinação” consciente. Isso consiste em planejar uma meta de produção com “recompensas” de tempo ocioso, que trarão um resultado positivo relacionado aos nossos objetivos. Mas, não se engane, esse tempo ocioso não será inútil se você se tornar consciente em relação à qualidade das atividades que você desempenha durante esse tempo.
Produção e planejamento
Antes de tudo, temos que definir nosso objetivo. Ao fazer isso, conseguimos destrinchar nosso planejamento em pequenas tarefas que, no longo prazo, vão parecer menos assustadoras. O planejamento é parte fundamental de qualquer atividade. Hoje temos à nossa disposição diversas técnicas e ferramentas que podem nos ajudar nesse sentido. Entre as ferramentas, estão os aplicativos do Google como o Planilhas, Drive e Documentos, aplicativos como o Trello e o Notion, planners (físicos ou virtuais), bloco de notas do celular, entre outras.
Devemos então, encontrar uma ferramenta adequada às nossas necessidades e, com isso, conciliá-la com uma técnica de organização. A principal técnica utilizada na “Tríade da Procrastinação” é o “Método Pomodoro” que, além de nos ajudar a diminuir as tarefas em pequenas partículas de tempo, também diminui a sobrecarga com tarefas específicas.
Veja esta explicação rápida do que é a técnica de “Pomodoro”:
O objetivo desse método é manter um ritmo de produção leve e que nos permita experienciar um fluxo de produtividade mais dinâmico. Para isso, precisamos executar alguns passos:
- Primeiro: tenha em mente todos os objetivos e tarefas do seu projeto, assim você conseguirá planejar o seu cronograma de estudos;
- Segundo: determine o tempo e o período que você passará estudando por dia; um aplicativo como o Google Calendar te ajuda a organizar horários e tarefas de uma forma simples e visual;
- Terceiro: sabendo o período e quais tarefas você executará, devemos dividi-las em pequenos blocos de tempo. Abaixo, apresento um simples exemplo de cronograma de estudos semanais:
Como observamos no quadro acima, temos pequenas sessões de 25 min cada com intervalos de 5 a 10 minutos, intercalando tarefas distintas. O ideal é que você não “force” retornar a tarefa anterior, se não quiser, intercale tarefas articulando-as entre si, porque, você pode distanciar-se um pouco de uma tarefa que você não quer fazer, mas não perde tempo, porque estará colocando em dia outras tarefas necessárias.
É importante, no entanto, ter consciência de que o acúmulo de tarefas pode se tornar um problema no futuro gerando uma sobrecarga, tanto física quanto mental. Por isso, nosso conselho é: quando você está cumprindo uma tarefa que está enfadonha ou complicada, tente diminuí-la em etapas que você executará a prazo. Isso tornará as tarefas cada vez mais fáceis! Com isso, você também passará menos tempo se martirizando pelas tarefas inacabadas.
Recompensa e procrastinação
O segundo pilar da “tríade” é a recompensa. Essa parte é totalmente dependente do indivíduo que aplicará esses processos, porque o que é compensatório para uma pessoa, pode não ser para outra. Nesse caso, trago minha experiência pessoal: eu tenho muita facilidade para me perder em pensamentos e nos feeds das redes sociais. Ou seja, o primeiro passo da recompensa é perceber quais são os seus pontos fracos.
Você tem dificuldade, assim como eu, de focar muito tempo em uma tarefa e vive abrindo o feed das redes sociais só para dar aquela olhadinha? A gente sabe que 15 minutos têm potencial para virar 1 hora em qualquer rede social. Então, o primeiro passo é colocar o celular em modo avião durante o período de estudos, tendo consciência de que as redes sociais não são recompensas, mas são distrações problemáticas.
A real recompensa é você tirar um tempo para espairecer a cabeça de uma tarefa mental cansativa e da exposição às redes sociais, uma vez que as redes são extremamente nocivas para o nosso foco, já que perdemos muito facilmente a noção do tempo. Por isso, opte por usar seus intervalos para algo que você possa fazer em períodos de 5 a 10 minutos: ouça uma música, assista um M/V ou leia um capítulo de uma webtoon.
Pensando nisso, um dos blocos de intervalo no planejamento, localizado precisamente no meio do cronograma de estudos, deve ser o de maior tempo, cerca de 10 a 15 minutos. Nos casos em que o maior intervalo coincide com uma refeição, ele pode ser maior, entre 25 a 30 minutos, dependendo do tempo total de estudos que você dispõe no seu dia.
Concordo, porém, o que eu posso realmente fazer durante esses intervalos?
Precisamos atentar-nos ao que é procrastinar de maneira consciente. Nesta perspectiva, ter consciência de algo é ter domínio sobre aquilo que você está consciente. Logo, você tem a escolha de determinar como e quando fará.
Durante a produção do meu trabalho de conclusão de curso (TCC), eu estava no auge do meu consumo da cultura coreana; tudo o que eu consumia relacionava-se com cultura coreana e isso me ajudou muito durante a pesquisa. Porque, sempre que eu procrastinava para escrever, eu estava pesquisando coisas sobre K-Pop ou assistindo dramas coreanos. Como minha pesquisa era relacionada ao consumo da cultura, minha procrastinação me ajudou no processo de entender os dados que eu coletava. Paralelamente, isso me causava certo descontrole quando eu não produzia para procrastinar, por isso, o autocontrole e o planejamento são essenciais nesse momento.
A minha dica, nesses momentos, é conciliar esses pequenos períodos de estudo com coisas que descansam a sua cabeça, mas que estejam relacionadas ao que você está pesquisando. Tente relacionar a sua área de pesquisa que, sob minha perspectiva, deve ser algo que você goste muito para que esse projeto não se torne um martírio.
Para aqueles que possuem pesquisas diretamente relacionadas à cultura ou história da Coreia, eu indico que assistam dramas históricos e leiam livros que retratam os períodos antes e pós-ocupação japonesa. Neles vocês terão contato com costumes, artes, moda e arquitetura aplicadas nos seus contextos originais.
Galeria de indicações
Assim, dependendo da sua área de estudos, com certeza você conseguirá encontrar algo relevante relacionado à cultura coreana e ao BTS, se pesquisar com atenção e cuidado. O B-Armys Acadêmicas (BAA) trabalha pra oferecer um grande catálogo de textos, que cresce mais a cada semana falando sobre diversas questões que permeiam a Hallyu, o ARMY e BTS.
- Dramas e filmes
Devemos considerar que todos esses dramas e filmes são dramatizações de períodos históricos e por esse motivo não servem como referências históricas confiáveis, mas como referências em termos de costumes, vestimentas e arquitetura nos períodos retratados, assim como a música da época. Encare os dramas como um display cultural que sumariza diversos aspectos culturais. Afinal, depende de vocês pesquisarem e entenderem realmente as origens de cada costume do país.
Tanto para as pessoas que estudam ficções seriadas, quanto para quem estuda sociedade em geral, o consumo da cultura de massa durante o tempo livre pode auxiliar o desenvolvimento de sua pesquisa, uma vez que alguns aspectos da narrativa representam as expectativas e os anseios de seus consumidores.
Nesse sentido, algumas recomendações interessantes de ficções são:
Uma leitura igualmente enriquecedora é o verbete de Hallyu do Mini Dicionário da ARMY Pesquisadora.
- Músicas
Para as pessoas que tem um foco na música, recomendo alguns podcasts que falam da cena musical coreana como o 2Cool 4Academy e o Kpapo, seguem recomendações de episódios:
Indicações também relevantes são os seguites verbetes:
Além disso, o Painel Arte do BAA também produz materiais bastante interessantes!
Retorno e produtividade
O terceiro pilar e, sob minha visão, o mais importante deles é o “retorno”. É aqui que você avaliará o que está ou não funcionando. Nesta etapa, é necessário termos consciência do que estamos errando e acertando. Assim, adaptando até desistir de fazer algumas coisas para mantermos a nossa saúde mental.
Alcançar a meta é o ideal, ficamos animados quando está tudo em dia, mas esta pode ser uma ilusão. Muitas vezes, só conseguimos finalizar as tarefas porque fizemos realmente aquilo que podíamos. É muito importante que saibamos respeitar os nossos limites, sem nos forçarmos a executar planos megalomaníacos. Essa ilusão produz uma confiança de que conseguiremos alcançar a meta, porém é um “tiro no pé”. Encare a vida como um jogo que a cada nível que você alcança, você fica mais forte. Entretanto, o mundo a sua volta também fica mais difícil e a crença de que você se tornou mais forte do que o mundo é só uma ilusão. Assim, precisamos estar conscientes e bem estruturados para enfrentar diferentes situações.
Planejar pode ser enfadonho, mas ter em mente seus planos são o ideal para seguir sem perder-se.
A dica aqui é utilizar-se das ferramentas e dos métodos de uma maneira que ajude você a estruturar seu cronograma. Também, se você não é uma pessoa que está sempre atenta aos aplicativos e ferramentas online, o melhor é optar por uma agenda física onde você possa registrar suas tarefas, ideias e o seu planejamento.
Como comentei ao início do texto, indico alguns livros, canais no YouTube e podcasts que articulam sobre o assunto, apresentando diferentes dicas para melhorar a produtividade e trabalhar os cuidados pessoais com a mente.
PODEMOS PROCRASTINAR E PRODUZIR, AFINAL?
Neste texto, introduzimos diversos recursos e propostas que podem auxiliar na melhora da produtividade no cotidiano de cada um. Recomendo, então, que vocês usem essas referências e se aprofundem nas técnicas que lhes chamaram mais a atenção. Acredito que cada pessoa deve desenvolver um método que melhor se adapte às suas necessidades, misturando as ideias de cada recurso que melhor se encaixam em sua rotina e modo de vida.
E vocês, o que acharam desse assunto? Já ouviram falar sobre essas técnicas ou já usaram alguma diferente? Conte para nós nos comentários ou marcando o @BAA_twt nas redes sociais, usando a hashtag #PainelComoFazer. Queremos saber mais sobre os métodos de estudos que vocês usam!
Até a próxima!