DANÇA E  SAÚDE: CUIDADOS DO CORPO

Stefhani Sousa 

Revisado por: Isabella Teles e Laura Mello

“O coração já não acelera mais quando escuta a música começar […] Oh, essa seria a minha primeira morte, aquela que eu sempre temi.”

BTS – Black Swan

A dança é uma atividade física que estimula a força muscular, a estética e a autoestima no dia a dia do indivíduo, promovendo uma melhora na qualidade de vida. Ela vai além de ser um exercício prazeroso, manifestada na sociedade desde os povos antigos ao pedir chuva, cura de doenças, nos momentos de morte, dentre outros.

No nosso corpo a dança melhora o sistema cardiovascular, aumenta o fluxo sanguíneo, favorece a respiração correta e também ajuda nas defesas do organismo, além de proporcionar o aumento da endorfina, hormônio que combate o estresse, e produz a serotonina, o hormônio do prazer.

Para garantir que todo nosso sistema funcione da forma correta a enfermagem traz orientações importantes no cuidar, que pode ser acompanhado juntamente com profissional fisioterapeuta ou médico a depender da necessidade do indivíduo.

DANÇA NA SAÚDE

Na área da saúde, a dança, assim como a música, é considerada uma Prática Integrativa e Complementar (PIC) que foi implementada no Sistema Único de Saúde (SUS) pela Portaria nº 849 de 27 de março de 2017, através da biodança e dança circular: 

BIODANÇA

“É uma prática de abordagem sistêmica inspirada nas origens mais primitivas da dança, que busca restabelecer as conexões do indivíduo consigo, com o outro e com o meio ambiente, a partir do núcleo afetivo e da prática coletiva […] estimula uma dinâmica de ação que atua no organismo potencializando o protagonismo do indivíduo para sua própria recuperação. A relação com a natureza, a participação social e a prática em grupo passam ocupar lugar de destaque nas ações de saúde.”

DANÇA CIRCULAR

“Danças Circulares Sagradas ou Dança dos Povos, ou simplesmente Dança Circular é uma prática de dança em roda, tradicional e contemporânea, originária de diferentes culturas que favorece a aprendizagem e a interconexão harmoniosa entre os participantes. Os indivíduos dançam juntos, em círculos e aos poucos começam a internalizar os movimentos, liberar a mente, o coração, o corpo e o espírito. Por meio do ritmo, da melodia e dos movimentos delicados e profundos, os integrantes da roda são estimulados a respeitar, aceitar e honrar as diversidades.”

Essa terapia é utilizada por profissionais da saúde como método de intervenção não medicamentosa para prevenção ou tratamento de patologias relacionadas à pressão arterial, danos psicológicos, durante trabalho de parto, dentre outros, sendo movimentos que devem ser efetuados com cautela a depender dos pacientes e que, assim como no caso dos dançarinos profissionais, devem ser orientados  sobre os cuidados musculoesqueléticos com o uso dessa prática.

Para os dançarinos, o desenvolvimento da capacidade expressiva contribui para melhorar técnicas na dança, mas  estas (se não executadas de forma adequada) podem causar problemas e dores, necessitando assim de uma educação ou reeducação que previna uma possível lesão e  evite a busca de um tratamento (ina)adequado.

Em alguns estudos os traumas corporais estão associados a movimentos repetitivos que provocam um estresse na estrutura ósseo-articular, resultando em dores crônicas, rompimento de tendão ou outro dano que, no pior dos casos, pode necessitar de tratamentos cirúrgicos.

CUIDADOS COM O CORPO

Percebe-se que a dança é uma prática que contribui para melhora na qualidade de vida tanto físico quanto mental, até mesmo para a terceira idade, contudo alguns cuidados ao longo desse processo devem ser tomados.  A literatura traz cuidados referentes a métodos de reeducação corporal e mental que reduz tensões e promove harmonia para atividades diárias, conhecidas como Técnicas de Alexander que consistem em:

  • atenção aos erros de postura desenvolvidos por maus hábitos cotidianos;
  • atenção ao executar os movimentos desde o alongamento da musculatura ao momento da estética e expressão corporal;
  • evitar repetição insistente de movimento;
  • alinhamento da coluna cervical e pescoço com respiração nasal, ao invés da boca, produz efeito notável do funcionamento de mecanismos vocais e respiratórios;
BANGBANGCON – Exercício de alongamento com BTS / BANGTANTV – YouTube, 2020.

Além disso, a medicina traz métodos para alívio das dores que provocam um incômodo local, inchaço, vermelhidão e calor local que podem ser resolvidas com procedimentos simples como: 

  •  massagem; 
  • acupuntura; 
  • hidroterapia (seja em banheira, piscina, rio ou aspersão); 
  • termoterapia (uso de compressa quente em caso de dor muscular, torcicolo, terçol, furúnculo ou antes de atividade física, e compressa fria em caso de queda, torção, tendinite e após atividade física). Dica: deixe agir no local de 15 a 20 minutos, lembrando de virar o lado da compressa que está em contato com a pele a cada 5 minutos; 
  • medicamentos (analgésicos, antiinflamatórios, relaxantes musculares). Mas atenção: evite usar por conta própria, pois eles podem mascarar a dor ou sabotar o processo de recuperação muscular, além de possíveis contraindicações individuais. 

De toda forma, os métodos citados acima podem promover um maior conforto, mas cientificamente nenhum se demonstrou superior, nem modificou o curso natural da condição.

Infelizmente, vários profissionais da área da saúde não estão sensibilizados para aspectos particulares da dança e podem não atender a sua necessidade, por isso é raro vermos práticas como  as citadas na assistência. Mandar parar de dançar nem sempre é solução. Médicos reumatologistas são os mais indicados a depender do caso. Procure a abordagem certa até sentir-se compreendido!

No final das contas, na dança se percebe seus resultados através do brilho nos olhos, dos sorrisos, da expressão corporal, da troca e renovação de energias positivas, do sentimento de leveza, da emoção que ela entrega aqueles que a praticam. 

Referências

ALEXANDER, F. M. O Uso de si Mesmo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BIGHIT. “Black Swan”. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=0lapF4DQPKQ>. Acesso em: 27 ago. 2022

FORTIN, S. Estudos do Corpo. Educação Somática: Novo Ingrediente da Formação Prática em Dança, p. 42. Adernos do JIPE-CIT, Salvador, n. 2, p. 40-55, fev. 1999.

GAVIOLI, I. L. Dor muscular na dança. Dança em pauta, 2011. Disponível em: https://www.dancaempauta.com.br/dor-muscular-na-danca-de-salao/. Acesso em: 14 set. 2022.

LOPES, S. S. Consciência para estar presente: os cuidados do corpo como estratégias para o ensino da dança. Porto Alegre: UFRGS. UERGS. Anais – ABRACE, 2012.

MARBÁ, R. F.; SILVA, G. S.; GUIMARÃES, T. B. DANÇA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.9, n.1, Pub.3, Fevereiro 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. 

WACHEKOWSKI, G. et al. Dança circular: ampliando possibilidades no cuidado em saúde. Rev. APS. 2020; out./dez.; 23 (4).

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